PARALISAÇÃO

Operários de Hollywood se preparam para declarar greve; entenda

Negociações entre os trabalhadores do entretenimento e os patrões atingiram um impasse

Publicado em 15/09/2021

As negociações entre os operários de Hollywood e os patrões (leia-se: estúdios e produtoras) atingiram um “um momento decisivo” nesta quarta-feira (15), segundo informação divulgada pelo site Variety. Alguns sindicatos locais estão se preparando para anunciar uma greve como resposta ao progresso quase nulo nas conversas para firmar um novo contrato trabalhista.

Há uma movimentação intensa a favor de uma votação pela paralisação em 13 divisões do sindicato sediadas na Costa Oeste americana. 

O sindicato Iatse (Aliança Internacional de Funcionários de Palcos Teatrais) agrega as mais diversas profissões do entretenimento, de carpinteiro a operador de câmera. Em todos os Estados Unidos e Canadá, há várias divisões que reúnem, no total, mais de 150 mil trabalhadores.

Matthew Loeb, presidente internacional do Iatse, foi incisivo em um comunicado entregue aos filiados nesta quarta, obtido pela Variety: “Nós, unidos, exigimos condições mais humanas de trabalho em toda a indústria“, diz o recado. “O que inclui: descanso entre dias de trabalho e no final de semana, reajuste salarial vindo das produções de streaming e um piso salarial decente.

Loeb afirmou que essas 13 divisões, que representam cerca de 60 mil de todos os filiados ao Iatse, têm o apoio da diretoria para fazer uma greve, caso ache necessária.

O líder sindical continuou agressivo ao falar com os operários. “Se as megacorporações que formam a AMPTP permanecerem fazendo vista grossa às nossas prioridades, sem nos tratar como uma força trabalhista humana e digna, será necessário uma solidariedade de todos para fazê-los mudar de pensamento.

Entenda a disputa

A AMPTP citada por Loeb é a Aliança de Produções Televisivas e Cinematográficas, que nada mais é do que a representante dos principais e maiores estúdios e produtoras dos Estados Unidos. Ela está de um lado da mesa de negociações, com o sindicato do outro.

O contrato mais recente entre as partes terminou no dia 31 de julho deste ano. Desde então, conversas foram feitas para chegar a um novo acordo. Na última sexta-feira (10), venceu a data limite estipulada para assinar um novo trato. Os trabalhadores estão orientados a seguir batendo o cartão até uma segunda ordem.

As demandas do sindicato são bem pontuais como aumento de salário, reajustes de benefícios (plano de saúde, por exemplo) e oferecer maior tempo de descanso aos operários (“não nos tratem como máquinas“, diz um documento do Iatse). O maior entrave de todos é em relação com os streamings.

Cada vez mais, os estúdios (como Warner, Universal) criam as próprias plataformas para lucrar com a mina de ouro que é o streaming. O sindicato quer um retorno digno dessa fatia que as produtoras abocanham no mercado. Eis o que diz o Iatse sobre isso:

Nós ajudamos a criar a Nova Mídia [os streamings]. E nós merecemos ser recompensados por isso. E não se trata apenas das empresas estritamente do streaming, que estão entre as mais valiosas corporações do planeta, mas de redes e canais de TV, tal qual os estúdios, onde nossos filiados trabalharam duro para facilitar que todas elas se tornassem bem-sucedidas.

Filiados da Iatse criaram uma página no Instagram para que os operários pudessem, anonimamente, compartilhar com o público sobre as dificuldade de se trabalhar em Hollywood. São relatos de um lado obscuro que as câmeras não mostram, como abuso moral e burnout, que chegam a levar a ideações suicidas.


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