NO LIMITE

Operários de Hollywood marcam data para greve e pressionam patrões

Paralisação vai começar na segunda-feira (18) se um novo acordo não for firmado até lá

Publicado em 13/10/2021

O sindicato dos operários de Hollywood, o Iatse (Aliança Internacional de Funcionários de Palcos Teatrais), marcou para a próxima segunda-feira (18), à 0h01, o início de uma greve caso não haja um acordo com os patrões (estúdios e produtoras) nos próximos cinco dias. A data é uma cartada para pressionar a assinatura de um novo contrato.

Presidente internacional do sindicato, Matthew Loeb disse em nota que “o ritmo das negociações não refletem nenhum senso de urgência“. Segundo ele, sem uma data limite, “nós vamos continuar nessa conversa para sempre. Nossos filiados merecem ter as necessidades básicas atendidas agora.

Para o site Deadline, os estúdios e produtoras, representados pela AMPTP (Aliança de Produções Televisivas e Cinematográficas), se posicionaram sobre a pressão imposta pelo sindicato: 

Restam cinco dias inteiros para entrarmos em um acordo e os estúdios continuarão a negociar de boa fé, em um esforço para chegar a um acordo para um novo contrato que manterá a indústria [Hollywood] funcionando.

O Iatse está levando a sério a ameaça de greve, a primeira de alcance nacional nos Estados Unidos e Canadá em 128 anos. No site oficial do sindicato foi criado um cronômetro que conta os dias, horas, minutos e segundos até a próxima segunda-feira (18). Placas para os piquetes estão prontas.

Próximos passos

Matthew Loeb tem a permissão de mandar cerca de 60 mil operários cruzarem os braços, trabalhadores filiados às divisões do Iatse que estão representadas na mesa das negociações. A greve iria parar a produção de inúmeras séries de streamings e da TV aberta americana.

Atrações de canais pagos como Showtime, Starz e HBO passariam ilesas. Isso porque essas empresas fazem parte de um outro contrato, cuja a vigência termina só em dezembro do ano que vem.

Entenda o caso

O acordo em questão venceu no dia 31 de julho deste ano. Desde então, conversas foram feitas para chegar a uma resolução. Em 10 de setembro venceu a data limite estipulada para assinar um novo trato. Os trabalhadores estão orientados a seguirem batendo o cartão até uma segunda ordem.

As demandas do sindicato são bem pontuais como aumento de salário, reajustes de benefícios (plano de saúde, por exemplo) e oferecer maior tempo de descanso aos operários (“não nos tratem como máquinas“, diz um documento do Iatse). O maior entrave de todos é na relação com os streamings.

Cada vez mais, os estúdios (como Warner, Universal) criam as próprias plataformas para lucrar com a mina de ouro que é o streaming. O sindicato quer um retorno digno dessa fatia que as produtoras abocanham no mercado. Eis o que diz o Iatse sobre isso:

Nós ajudamos a criar a Nova Mídia [os streamings]. E nós merecemos ser recompensados por isso. E não se trata apenas das empresas estritamente do streaming, que estão entre as mais valiosas corporações do planeta, mas de redes e canais de TV, tal qual os estúdios, onde nossos filiados trabalharam duro para facilitar que todas elas se tornassem bem-sucedidas.

Integrantes do Iatse criaram uma página no Instagram para que os operários pudessem, anonimamente, compartilhar com o público sobre as dificuldades de se trabalhar em Hollywood. São relatos de um lado obscuro que as câmeras não mostram, como abuso moral e burnout, que chegam a levar a ideações suicidas.

Eu espero que os estúdios vejam isso [a aprovação pela greve] e procurem um meio de atender as demandas dos nossos filiados“, disse Matthew Loeb, em um comunicado. “Agora é com eles. Se eles querem evitar uma greve, basta retornarem à mesa de negociações e apresentarem uma proposta razoavelmente aceitável“.


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