REVELAÇÃO

Caso arquivado de morte que inspirou Twin Peaks é resolvido após 113 anos

Novo livro detalha o que realmente aconteceu com Hazel Drew, jovem que serviu de base para Laura Palmer

Publicado em 03/01/2022

Clássico absoluto da TV, Twin Peaks (1990-1991, 2017) fisgou telespectadores do mundo inteiro de olho na resposta da pergunta memorável: quem matou Laura Palmer? O caso retratado na série teve como inspiração uma história real, ocorrida em 1908. E só agora, mais de um século depois, o assassinato da jovem Hazel Drew foi resolvido.

É o que afirmam os autores David Bushman e Mark Givens no livro Murder at Teal’s Pond, lançado nos Estados Unidos no primeiro dia de 2022. A dupla mergulhou em documentos e analisou todos os registros do homicídio ocorrido no começo do século 20, destacado com frequência no noticiário da época. Ainda não havia resposta para determinar quem matou Hazel Drew.

“Após cinco anos de intensa pesquisa e muitas deliberações, nós concluímos que Hazel Dew foi assassinada por William Cushing e Fred Schatzle”, escreveram Bushman e Givens. A notícia é reveladora pois, ao contrário de Twin Peaks, não se sabia quem teria matado a jovem de 20 anos.

Tanto Hazel quanto Laura eram tratadas como as garotas mais bonitas de uma cidade pequena (Hazel morava em Sand Lake, Estado de Nova York). A morte de ambas expôs os podres de gente rica e influente do local, devido às relações que elas tinham com amantes secretos e relações imorais.

David Lynch e Mark Frost, criadores e roteiristas de Twin Peaks, se inspiraram diretamente no caso de Hazel Drew para criar a icônica Laura Palmer, interpretada por Sheryl Lee. Durante a infância, Frost passava o verão em uma cidade perto de onde Hazel foi morta. A avó dele contava histórias macabras, dizendo que o fantasma da garota rodeava uma floresta, esperando a hora do assassino dela ser revelado.

A morte de Hazel e o arquivamento do caso

Em uma noite de julho do ano de 1908, um grupo de adolescentes foram para um lago curtir o dia pescando. A noite seria de bebedeira. Na manhã seguinte, um dos garotos da turma viu um corpo flutuando na água. A pessoa estava irreconhecível, com a pele escura e congelada, além de apresentar uma severa fratura no crânio. 

A decomposição estava muito avançada. Nem os médicos, usando a tecnologia da época, conseguiram determinar a causa da morte. Até o pai de Hazel teve dificuldade de identificar a filha.

O caso ganhou notoriedade nacional e os detetives eram pressionados para chegar a uma conclusão. Testemunhas ouvidas colocavam o político Fred W. Schatzle, do Partido Republicano (PR), na cena do crime dias antes da jovem ser encontrada. Ele tinha ligações com outra figura proeminente da cidade, William Cushing, também político, que o ajudara a se livrar do corpo.

A motivação do crime seria pelo fato de Hazel Drew saber muitos segredos da alta sociedade local. Desde adolescente, ela trabalhava em casas de homens influentes do PR. Segundo os autores, a jovem entrou em “um caldeirão de crime, sexo, glamour e corrupção.”

Os detetives abandonaram essa linha de investigação e arquivaram o caso, sem solução. Somente um jornal de ideologia democrata, rival dos republicanos, insistiu no envolvimento de Schatzle e Cushing. Mas em uma cidade dominada pelo PR, os suspeitos foram rapidamente absolvidos. Agora, com o livro, ambos receberam o veredicto de culpados, mais de um século depois.


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