CRÍTICA

Dexter: New Blood faz o dever de casa e abre janela para uma nova série

Tanto a história da minissérie quanto a trama geral de Dexter foram satisfatoriamente encerradas

Publicado em 11/01/2022

Após oito anos do fim desastroso de Dexter (2006-2013), a minissérie Dexter: New Blood surgiu para corrigir o trajeto da história e apresentar ao fã da trama um desfecho satisfatório. Além de fazer o dever de casa direitinho, a atração abriu a possibilidade de uma série filhote e acumulou recordes de audiência inesperados, superando tropeços sofridos no meio do caminho.

O truque novelesco do final de Dexter, com o protagonista homônimo, vivido por Michael C. Hall, fingindo a própria morte e escapando de tabela de um furacão em pleno mar, não foi bem digerido pelo público e pela crítica. Até roteiristas e produtores endossaram o julgamento sobre as soluções ruins escolhidas no término. New Blood foi a oportunidade rara de uma segunda chance

Em entrevista ao site Deadline, Clyde Phillips, o showrunner da continuação de Dexter, reconheceu um fato importante: “Quando uma série tem a chance de fazer um segundo final? Eu acho que a resposta é nunca”. Ele admitiu o “gosto amargo” da oitava temporada e abraçou a ideia “de entregar aos telespectadores uma conclusão autêntica e redimir a série.”

Acerto de Dexter: New Blood

[Atenção: spoilers a seguir]
A decisão de matar Dexter foi primária. Tanto que quando o ator Michael C. Hall foi convidado para reviver o serial killer, ele soube do destino final do personagem antes de todo mundo. A construção até chegar a esse ponto valeu a pena.

Dexter vivia uma rotina sossegada em uma cidade fria do Estado de Nova York, habitada por menos de 3 mil pessoas. Ele engatou um romance com a policial Angela Bishop (Julia Jones), relação bem importante, tanto no pessoal quanto no profissional -como diria aquele apresentador famoso.

O assassino guardava segredos do passado atrás de uma máscara de… vendedor de armas, brancas ou de fogo, ironicamente. Enquanto tocava essa vidinha, a namorada investigava o desaparecimento de várias mulheres, história nova apresentada em New Blood.

A minissérie amarrou bem tudo o que aconteceu anteriormente, nas oito temporadas, com os fatos inseridos. Então, ao mesmo tempo houve uma resolução boa da trama de New Blood e da história geral de Dexter.

O ator Jack Alcott em cena da minissérie de Dexter: New Blood
O ator Jack Alcott em cena da minissérie de Dexter New Blood DivulgaçãoShowtime

Série filhote

Em New Blood, Dexter reencontrou o filho, Harrison (Jack Alcott), abandonado pelo pai no enredo original. Os dois falharam na tentativa de criar uma conexão, no primeiro contato. Ela só rolou quando o pai abriu o jogo sobre os pensamentos macabros que atormentavam a mente. O adolescente enfrentava uma batalha similar.

Dexter queria dar uma lição de como controlar o Dark Passenger, aquela vontade literal de matar. Quis o destino que fosse Harrison o executor da morte de Dexter. Foi a única saída entendida pelo serial killer, escapando de outra perseguição policial. O filho ficaria livre do pai sanguinário, um ponto final para seguir em frente.

E isso Harrison fez. Depois de matar o pai com um tiro de rifle, ele pegou um caminhão e acelerou em uma estrada, sem destino definido. Esse final foi ideal para atiçar uma possível continuação, com o jovem de protagonista (e o pai de Dark Passenger?).  

Uma série com Harrison teria muitas possibilidades, entre elas a de rejuvenescer a franquia. Fato é que Clyde Phillips está disposto a seguir a jornada do adolescente. “Se quiserem produzir Harrison, eu largo tudo o que estou fazendo imediatamente”, disse o roteirista para a The Hollywood Reporter.

No Showtime, Dexter: New Blood provou ser um hit absoluto. O primeiro episódio foi visto por 9,1 milhões de telespectadores, nos Estados Unidos, melhor estreia de um drama na história do canal. Sem contar o último episódio, a média de telespectadores (em todas as plataformas e métricas) era de 7,6 milhões, maior do que qualquer leva da Dexter original.

Em contrapartida, os especialistas não aprovaram os novos episódios. A minissérie recebeu na mídia americana os rótulos de “decepção, desnecessária, enfadonha e apelativa”.


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