CONFLITOS

Demissões e falta de foco: os problemas criativos graves da série Bel-Air

Versão dramática da comédia Um Maluco no Pedaço pagou o preço na busca de identidade própria

Publicado em 19/01/2022

O peso de fazer uma versão dramática da comédia Um Maluco no Pedaço (1990-1996) resultou em falhas por falta de foco e demissões nos bastidores da série Bel-Air. Tudo por causa de desentendimentos sobre as coisas mais básicas de uma série, como formato da história e o modo que será narrada. Não à toa, dois showrunners foram desligados do projeto.

Premiado pela série The Wire (2002-2008) e produtor de Sons of Anarchy (2008-2014), Chris Collins foi o primeiro a sair, em dezembro de 2020. Quem assumiu o cargo foi Dianne Houston, única mulher negra indicada ao Oscar de direção, com passagem vitoriosa por Empire (2015-2020); ela também largou Bel-Air.

Então, uma dupla assumiu a bronca na terceira tentativa de acertar na escolha de showrunner: T.J. Brady e Rasheed Newson. O detalhe é que nenhum dois dois produtores executivos exerceram funções de showrunner em toda a carreira antes (juntos, eles têm no currículo trabalhos em O Atirador e The Chi).

Jabari Banks é o protagonista de Bel-Air, na pele de Will
Jabari Banks é o protagonista de Bel-Air, na pele de Will (Divulgação/Peacock)

Sem identidade

O problema central dessas alterações delicadas nos bastidores de Bel-Air se resume à identidade do drama, acima de tudo. O streaming Peacock (NBCUniversal), lar da série nos Estados Unidos, determinou que a atração tivesse uma cara mais próxima dos dramas da TV aberta americana. Ou seja, uma pegada mais leve e popular.

Chris Collins, por sua vez, desejava fazer uma atração mais no estilo HBO/Netflix, um pouco mais densa, ousada e sem medo de correr riscos com os temas abordados, arriscando também em cenas provocantes. As duas partes até tentaram dar um caldo, mas não rolou.

Dianne Houston enfrentou o mesmo problema. Acabou que o Peacock teve de apostar em jovens produtores e roteiristas, dispostos a acatarem as sugestões da alta cúpula corporativa, ao invés de investir e insistir com profissionais mais experientes, de visão própria.

A expectativa em torno de Bel-Air só aumenta após tantos rolos no processo criativo. A curiosidade de todos é ver como foi feita essa versão dramática da lendária Um Maluco no Pedaço. Fato é que uma atração com trocas sensíveis em uma posição crucial da engrenagem criativa não chega 100% redonda logo de cara. 

O produto final, a estrear em 13 de fevereiro nos Estados Unidos, será a prova cabal se as substituições no comando técnico da atração surtiram efeito ou deixaram Bel-Air sem pé nem cabeça.

Assista ao trailer, em inglês, de Bel-Air:


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