ANÁLISE

Com produção estupenda, Ruptura é a série brisante (e imperdível) da vez

Drama da Apple TV+ oferece uma proposta: e se você pudesse apagar da memória o que faz no trabalho?

Publicado em 26/02/2022

A proposta da série Ruptura (Apple TV+) é tentadora para muitas pessoas do mundo real. Imagina a possibilidade de você esquecer completamente as horas que passou no trabalho e separar a vida profissional da pessoal. A brisa do drama é fazer exatamente isso com os personagens, em uma produção formidável, do mais alto nível.

No centro da história de Ruptura está a empresa Lumon Industries. No subsolo de um complexo gigante funciona o departamento Macro Data, cujos funcionários passam por cirurgia consensual absolutamente insana. 

Um dispositivo é implantado dentro do cérebro com a capacidade de fazer essa divisão na mente entre o que ocorre no trabalho e fora dele, processo irreversível chamado de ruptura. Quem concorda entrar nesse projeto precisa gravar um vídeo afirmando estar ciente da operação.

O ponto de vista da narrativa é do quarentão Mark Scout (Adam Scott), viúvo que sofre com o luto. Ele aceita entrar nesse departamento da Lumon para, pelo menos durante oito horas do dia, não pensar mais na tristeza e no sofrimento da vida pessoal.

Em um belo dia, Mark chega na Lumon chorando, desesperado. Ele enxuga as lágrimas, entra no prédio e pega um elevador. No trajeto de descida até o subsolo, um sinal toca e a mente dele se transforma. Tudo o que viveu fora da companhia é esquecido e ele apenas é mais um funcionário dentro de um departamento burocrático.

O Mark do trabalho vive em loops, pois desconhece os fatos do mundo de fora. E o Mark longe da Lumon sabe muito bem que passou pelo processo de ruptura, porém não faz a mínima ideia da função exercida na empresa.

Adam Scott mexe em computador arcaico na série Ruptura
Adam Scott mexe em computador arcaico na série Ruptura

Brisa real

Essa história brisante tem produção de cair o queixo. A direção dos episódios é fora de série, com o ator Ben Stiller comandando os três primeiros capítulos de Ruptura (ele também faz parte da equipe de produtores executivos). 

O visual retrô é um adicional para a qualidade da produção. Os funcionários do Macro Data trabalham em computadores da era pré-histórica, somente usando um software primitivo, que apresenta tela preta com números. Não há acesso a qualquer outra ferramenta naquelas máquinas.

O capricho em cada detalhe de Ruptura torna a experiência de assisti-la um deleite único. Dos móveis escolhidos ao figurino, passando pelo filtro na tela e takes experimentais, o drama da Apple esbanja esmero. Soma-se a isso o elenco afiado, perfeitamente escolhido para cada personagem.

E pensar que tudo surgiu de uma experiência real. Dan Erickson, criador e showrunner de Ruptura, teve a ideia da série enquanto estava em uma empresa fazendo um trabalho maçante, batendo cartão com o desejo de apagar da memória aquelas horas desperdiçadas em uma função mecânica, dentro de um escritório sem janelas.

Assim é a Lumon, porém os personagens conseguem sim deletar o que fizeram no trabalho, após o expediente. Os vários porquês da história não são guardados a sete chaves. Ruptura revela os mistérios sem muita enrolação, trazendo o dinamismo que deixa a série ainda mais atraente.

O elenco de Ruptura conta com Patricia Arquette (The Act), Christopher Walken (vencedor do Oscar por O Franco-Atirador), John Turturro (The Night Of), Britt Lower (Unforgettable), Zach Cherry (Crashing) e Tramell Tillman (Godfather of Harlem).

Ruptura está com três episódios disponíveis no Apple TV+. Toda sexta-feira, um capítulo inédito entra no streaming (são nove, no total).


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