No final de 2017, o Prime Video lançou uma comédia de época brilhante, com produção estupenda e atuações de alto nível dentro de uma história vibrante e sagaz. Essa foi a primeira temporada de The Marvelous Mrs. Maisel, vencedora do Emmy e Globo de Ouro. A série quer retomar essas características e assume risco ao voltar ao ponto de partida.
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É evidente a aposta no começar de novo, conforme mostram os dois primeiros episódios da quarta temporada de The Marvelous Mrs. Maisel, vistos com antecedência pelo Observatório de Séries. A estreia da quarta temporada acontece na sexta (18); o lançamento dos capítulos será semanal (dois por vez).
Isso desde a protagonista, a Miriam “Midge” Maisel (Rachel Brosnahan), regressar ao antigo apartamento até ela assumir de vez a postura mais crua e destemida nos palcos, tal qual os primeiros passos na carreira de comediante stand-up, com direito a muitos palavrões, nudez e passagens pelo xilindró.
Agora, o público vai comprar essa ideia de retornar às raízes? Meio manca, The Marvelous Mrs. Maisel andava para frente. Talvez por perder o rumo nesse avanço, produtores e roteiristas optaram pelo reboot dentro da própria série.
Recomeço necessário?
De certa forma, é possível compreender a razão do recomeço. A carreira de Midge tombou após ela ser demitida da turnê do cantor Shy Baldwin (Leroy McClain), após quase revelar a homossexualidade secreta dele para todos, em cima do palco. Em uma situação assim, voltar à estaca zero se apresenta como única opção.
Midge não reage bem à deselegância praticada pelo deslize cometido contra Shy. Enquanto ignora o erro crasso, a humorista bate o pé e decide que só quer fazer shows como antigamente, sem ninguém para filtrá-la.
E antigamente era bom mesmo. Midge se tornou comediante estrela do circuito alternativo de stand-up em Nova York. Quebrando estereótipos, por ser mulher e divorciada, ela falava a real sobre casamentos, relações e o peso de viver na pele de alguém do sexo feminino em uma cidade como a Big Apple.
A pessoa fã incondicional de The Marvelous Mrs. Maisel não vai largar a série, que continua impecável nos quesitos produção, direção de arte e figurino (o roteiro perdeu a perspicácia de antes, sem muitas piadas criativas). A questão é que quem não gostar desse guinada ao passado pode trocar a série do Prime Video por outra na intensa guerra dos streamings.
Rachel Brosnahan mantém-se afiada e é motivo justo para ir até o final da quarta temporada. Alex Borstein, a empresária de Midge chamada de Susie, também continua no mesmo ritmo alucinado e hilário.
As histórias paralelas perdem fôlego, principalmente a de Joel (Michael Zegen) e a combinação de bar com crime organizado e cassino. A jornada do pai de Midge, o cri-cri Abe (Tony Shalhoub), se assemelha à da filha, a busca por viver da arte e (tentar) ganhar dinheiro fazendo o que gosta. Dessa interação podem vir coisas interessantes.
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