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Netflix sofre derrota na Justiça em processo contra O Gambito da Rainha

A enxadrista georgiana Nona Gaprindashvili acusa a série de difamação e pede R$ 27 milhões de reparação

Publicado em 28/01/2022

A juíza federal americana Virginia A. Phillips recusou anular um processo por difamação contra a Netflix, protocolado pela enxadrista georgiana Nona Gaprindashvili. A ação judicial gira em torno de cenas e informações veiculadas na minissérie premiada O Gambito da Rainha. Com essa decisão, dada na última quinta-feira (27), a gigante do streaming terá de encarar um julgamento ou firmar um acordo.

Em setembro do ano passado, Nona entrou com um processo alegando que o drama de época fez um comentário “sexista” sobre ela, em uma fala destacada no último episódio de O Gambito da Rainha. A esportista quer uma reparação no valor de US$ 5 milhões (R$ 27 milhões).

A Netflix, então, respondeu com um pedido de anulação do processo, defendendo que a série é um produto de ficção. E ainda apelou para o direito de liberdade de expressão e licença criativa dos roteiristas.

Mas a juíza analisou o caso de forma diferente. Ela foi categórica ao afirmar que a queixa de Nona é pertinente, dando à vítima a razão de reclamar o fato de ter sido difamada. Virginia pontuou que trabalhos de ficção não estão imunes a processos de difamação se há depreciação de pessoas reais.

Entenda o caso

Nona Gaprindashvili, uma das melhores enxadristas do mundo nos anos 1970, foi usada como referência na participação de um narrador que estava na transmissão de uma partida da personagem Beth Harmon (Anya Taylor-Joy).

Ele comentou: “A única coisa incomum nela [Beth], na verdade, é seu sexo. E nem isso é peculiar na Rússia. Há Nona Gaprindashvili, mas ela é campeã do mundo feminina e nunca enfrentou homens.

Nona Gaprindashvili durante partida de xadrez
Nona Gaprindashvili durante partida de xadrez Reprodução

Nona argumenta que essa observação de O Gambito da Rainha é “totalmente falsa, além de ser grosseiramente sexista e depreciativa“, de acordo com o processo. 

Eis uma das ressalvas que Nona faz. A partida em questão mostrada na série foi realizada em 1968. Naquela época, a enxadrista já tinha enfrentado ao menos 59 homens, sendo que dez desses eram grandes mestres.  

O documento ataca a gigante do streaming: “A Netflix mentiu descaradamente e de forma deliberada sobre as conquistas de Nona Gaprindashvili apenas para agregar um drama na história ficcional, para dar ao telespectador a impressão que nenhuma outra mulher alcançou os feitos da personagem.

A esportista também aponta que a Netflix a rotulou como russa, sendo que ela nasceu na Geórgia. “Os georgianos sofreram nas mãos da Rússia quando o país fazia parte da União Soviética. A nação foi invadida e maltratada pela Rússia”, registra o processo.


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