A série espanhola La Casa de Papel teve de encher muita linguiça para chegar até à derradeira parte cinco. Das maiores embromações do sucesso da Netflix, a principal teve o intragável Arturo (Enrique Arce) de protagonista. Romances adocicados além da conta e histórias inseridas sem pé nem cabeça também marcaram presença no rol das inutilidades.
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Do ponto de vista técnico, La Casa de Papel precisou enrolar muitas tramas para esticar a série o máximo possível. E assim aumentar o volume de episódios e lucrar mais. Essa empreitada acabou maculando a espinha dorsal eletrizante do drama. Levou o telespectador a pular as cenas que estavam ali de graça.
Confira cinco histórias inúteis de La Casa de Papel:
[Atenção: spoilers a seguir]
Arturito chatão
No contexto de La Casa de Papel, era produtivo e estimulante sim ter uma pessoa entre os reféns que quisesse bancar a salvadora da pátria. Quem serviu para esse propósito foi Arturo Román, ex-gerente da Casa da Moeda da Espanha. Porém, ele incorporou um trapalhão da Turma do Didi ao invés de um vingador da Marvel nessa cruzada heroica. Importunava os reféns, assaltantes, polícia… Um legítimo chatão.
Arturito, como era carinhosamente chamado pelos Mascarados de Dalí, torrou a paciência de todos. E pior: estuprou uma refém. O público teve de aguentá-lo até a parte cinco, com direito a uma volta estúpida para ficar cativo novamente. Mas aí chegou o fim da jornada. Ele partiu dessa para melhor um pouco tarde.
Agonia de Nairóbi
Assaltos das proporções apresentadas por La Casa de Papel não poderiam passar batido sem vítimas do lado dos anti-heróis. O público, veterano ou não de séries, sabia de antemão que personagens queridos iriam morrer. O que fizeram com Nairóbi (Alba Flores), contudo, foi cruel.
Faltou carinho nas últimas horas da ladra. Ela levou um tiro, no peito, disparado por um sniper, no oitavo episódio da parte três. A morte inevitável se arrastou por quase uma leva inteira de capítulos, terminando no sexto da parte quatro. Nesse interim, houve muito melodrama e agonia que poderiam ser encurtadas.
Gandía preso
No que é considerada a segunda temporada (assalto ao Banco da Espanha), La Casa de Papel acertou na criação de dois vilões. Do lado de fora da instituição financeira surgiu a implacável inspetora Alicia Sierra (Najwa Nimri). De dentro, tinha o segurança bestial Gandía (Jose Manuel Poga).
A escorregada da série foi demorar para soltar a besta. O careca ficou lá algemado durante horas e nada fazia a não ser dizer que iria pegar a mãe de fulano e cortar em pedacinhos ou jogar a pessoa aos cães, coisas finas assim. Quando ficou livre das algemas, o cabaré pegou fogo. Só que não sem antes haver uma maçante enrolação.
Filho de Berlim
O mais brisado rolê aleatório de La Casa de Papel foi introduzir o filho pródigo de Berlim (Pedro Alonso), o engenheiro Rafael (Patrick Criado), na parte cinco. Enquanto o bicho comia no Banco da Espanha, com milícia do Exército na cola dos ladrões e tudo mais, a série alternava para a história sem sentido do nerd com o pai.
A mistura não caiu bem e fez a trama principal perder ritmo. Seria melhor que o encontro do pai com filho ganhasse um episódio à parte, como se fosse um bônus, ao invés de atrapalhar o show que quem pagou o ingresso estava ali para assistir.
Vaivém dos casais
Qualquer história ficcional que se preze terá casais e romances no meio. Até que La Casa de Papel foi bem em alguns momentos com a dupla de apaixonados Denver (Jaime Lorente) e Mónica/Estocolmo (Esther Acebo), Rio (Miguel Herrán) e Tóquio (Úrsula Corberó).
O ponto baixo foi quando caminhos novelescos entraram no certame. Houve até (quase) uma troca de casais, com Denver se aproximando de Tóquio e Rio, de Estocolmo. Esse foi o truque romântico para preencher um dos vazios da série.
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