CRÍTICA

Absurda, A Vizinha da Mulher na Janela provoca caos na mente de quem é cult

Minissérie aposta na sátira ao narrar uma história curiosa; basta não ser cri-cri para desfrutar

Publicado em 30/01/2022

Críticos e telespectadores que levam a vida muito a sério não estão preparados para assistirem à minissérie A Vizinha da Mulher na Janela, na Netflix. A comédia com soluções absurdas é sátira do filme A Mulher na Janela (2021) e de tantos outros suspenses do tipo. Aquela pessoa metida a cult vai ter pane na mente ao tentar dar uma lógica à trama.

As forçadas de barra de A Vizinha da Mulher na Janela são propositais. Os exageros no roteiro, as explicações absurdas e reviravoltas bizarras servem como ironias. Para aproveitar bem, quem for assistir deve estar ciente de que vem pela frente muita coisa maluca. Mas partindo do ponto de vista da atração, tudo faz sentido.

A zoeira começa no nome da série. A Netflix brasileira optou pela versão mais enxuta, chamando-a de A Vizinha da Mulher na Janela. No inglês, o título é: The Woman in the House Across the Street from the Girl in the Window. Na tradução direta em português seria: A Mulher na Casa do Outro Lado da Rua da Mulher na Janela.

Espiadinha de leve

Mesmo quem nunca viu o filme A Mulher na Janela (ou leu o livro) vai conseguir capturar o espírito da minissérie. Anna (Kristen Bell) leva uma vida solitária após a morte da filha, ainda criança, e a separação do marido. Dentro da casa enorme, ela passa a maior parte do tempo tomando vinho, muitas taças de vinho, e observa o vaivém na rua.

Olhando pela janela, ela nota uma movimentação na casa à frente. O novo vizinho bonitão é Neil (Tom Riley), também viúvo. Ele se mudou para o bairro nobre junto com a filha pequena. 

Durante uma das espiadinhas, Anna vê uma mulher morrendo, após ser ferida no pescoço e perder muito sangue. A vítima é Lisa (Shelley Hennig), namorada de Neil. A vizinha xereta liga para a polícia desesperada. Mas quando os detetives batem na porta do galã, descobrem que nada daquilo ocorreu, pois Lisa está viva e trabalhando.

Kristen Bell em A Vizinha da Mulher na Janela; vai um vinhozinho aí?
Kristen Bell em A Vizinha da Mulher na Janela; vai um vinhozinho aí? (Divulgação/Netflix)

Real ou imaginação?

A Vizinha da Mulher na Janela faz muito bem a introdução da história nos dois primeiros episódios. A doidice inicia de vez do terceiro em diante, no momento em que a polícia entra na jogada. Isso porque se cria a polarização entre a razão da investigadora Lane (Christina Anthony) e os delírios tão reais de Anna.

Pelo trauma de perder a filha tão cedo, ver o marido dar adeus e afogar as mágoas no vinho, combinando com remédios, Anna tem alucinações. Ela, por exemplo, enxerga a filha constantemente dentro de casa e até conversa com a garota morta. E já chegou a ter uma fantasia erótica, em sonho, com Neil.

Logo, Anna viu mesmo Lisa morrer? Ou seria só mais uma imaginação maluca? A minissérie aumenta a dose da paródia ao colocar a pintora como fã de livros de suspense investigativo, com um enredo semelhante ao drama que vive na realidade. A leitura da vez dela chama-se A Mulher do Ouro Lado do Lago.

Lane cita a sinopse da obra dizendo a Anna que a leitura pode ter estimulado a mente da vizinha: “Quando a advogada Grace St. James foge para sua casa dos sonhos à beira do lago, seu sonho se torna pesadelo após testemunhar um terrível assassinato.”

A Vizinha da Mulher na Janela convida o telespectador a embarcar nessa jornada fora do comum para descobrir qual o nível da brisa de Anna. A trama diverte e instiga a veia de detetive presente nos telespectadores. Basta não ser cri-cri e apenas desfrutar a viagem.


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